Passam, raras tainhas...

Tainhas desgarradas dos seus gigantes costumeiros cardumes ainda passam pelo Campeche, apesar de ter encerrado oficialmente o período de pesca.
Em 11 anos fotografando a pesca artesanal, aquela que funciona com canoas a remo, arrastão e um sistema antigo de hierarquia de beira de praia, nunca vi uma pesca tão minguada.
Em Brasília, dizem que os barcos industriais vêm sistematicamente raspando os mares, a voracidade pega todas as tainhas (e demais peixes) com ou sem ovas, antes durante e depois do defeso, antes que elas cheguem nas redes do pequeno pescador, aquele que não representa perigo para a natureza do peixe.
Ontem, uma pesca de 400 peixes, hoje, pouco mais de uma dúzia...


A solução todos sabemos, mas somos pequenos frente a ganância capitalista.
Hélio, o cozinheiro do rancho, contava uma história engraçada:
Sempre passava pelas terras do seu avô um crente. Ele dizia: 'estes boizinhos, esta plantaçãozinha de mandioca, estes peixes que o mar dá... Virão tempos em que o homem vai ter que sair da sua terra e ir para outro trabalho, trabalho para os outros, e voltar cansado à noite para casa, e cedo trabalhar de novo longe, para comprar peixe, mandioca e tudo o que Deus lhe dava...'. "Sai prá lá, crente desgraçado!", dizia o avô de Hélio.
Eu, que aprendi um pouco de manezês, tudo ouço, fotografo e de quando em quando comento:
Então, então...

Esta é a tainha que Liberato me deu, Ari saiu de patrão, seus remeiros Luiz Prates, Lúcio e os outros, felizes por 'molhar as redes' novamente...

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