Árvores Floridas
Meados da década de 90 do século passado, era ainda estudante de Fotografia. Um famoso banco de investimentos (hoje invisto nos bancos da praça) lançou um concurso, Árvores Floridas. Elas tinham que ser, claro, floridas, e isoladas das suas irmãs árvores. Segui as instruções dos meus mestres de fotografia da época, Octávio Mourão, José Sabino, e lá me fui buscando árvores. Escolher os melhores horários. Aproveitar detalhes como vento, sombra, velocidade (do obturador da câmera). Cercar o 'objeto'. De cima para baixo, lá do alto da estrada, grande angular, frontal, luz do amanhecer, luz do meio dia na copada, sombra projetada...
Mas uma estava acompanhada, outra, não florescia na época, outra sei lá, despetalava. Meio como o Amor.
Enviei muitas fotos, todas as possíveis, o prêmio era atraente, ano após ano enviava (uns cinco anos?), mas nunca fui sequer classificada. Não entendia a falta de percepção dos jurados.
Dia destes encontrei uma destas fotografias. Era um garapuvu, florescido em amarelo, no baixio de uma campina, justo nas cercanias de Campinas, cidade onde morava à época.
Acho até que estava meio desfocada, ou foi o processo de obtenção (diapositivo, tornado papel) quem embaçou minha vitória.
Todas as minhas fotos do tempo de estudante me levam a compreender melhor meus alunos, a compreender o processo de captação, elaboração e crescimento. Só para constar que a imagem que encontrei entre antigas fotografias era sofrível.
Até hoje fotografo árvores. Em silhueta, secas, copadas, raras floridas.
Elas são eu e Aristóteles a observar, na sombra, suas copadas florescendo uns passarinhos com os quais converso.
Tempo que passa...

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