Bebendo do Mar

Ontem passaram tainhas, uma manta enorme. Seu Chico foi o primeiro a colocar a canoa na água, e poucos minutos depois, sai a canoa do Aparício. O boto cercou antes. Os peixes espantados dispersaram, e a primeira rede matou 40 peixes, enquanto que a segunda, 20 tainhas. Vinte tainhas lá no rancho, já formaram um bom caldo.
Hoje, antes que o sol nascesse, fui ver o mar. A maré recuada, boa só para tarrafear. Fiz algumas fotografias, especialmente do sol nascendo, sempre um clichê que funciona. Descubro que os pescadores, que não apreciam banho de mar, param quando o sol nasce, e voltam-se para ele.
Chega uma grande térmica de café com leite, após às sete horas. Todos se acercam do Hélio. Eu vou até o alto da duna, ver a vida, o vento, os tentos.
Desço mais tarde, Hélio chama: Mara, venha tomar um café. Agradeço, aceito. As xícaras todas ali deixadas. Ele olha as xícaras usadas e pede a um: Vá lavar isso lá no mar. Ele vai. Capricha. A água do mar é limpa. Volta, fica na dúvida antes de servir e diz: quem sabe lavamos isso com o próprio café... Fico envergonhada ao lembrar como é devinhar a taça para trocar de vinho. Eu digo: Não, não precisa, lavou tá limpa. E bebo aquele café com novo tempero.
À tarde retorno, tinha muito peixe na água, a maré encheu e já vai de novo vazar. Sopra um sul bem frio. Se o peixe chegasse mais, a canoa entraria mesmo com aquele mar...
 Conversamos um pouco e deixamos a pesca para amanhã. Amanhã as tainhas virão...

Comentários

  1. Que delicia de historia! Voce escreve, descreve de forma tao gostosa. Pude ate sentir o gosto da maresia no cafe... Beijos de sol nascente

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