Leila Diniz


Parece transcrição do post anterior. Mas é verdade: de vez em quando ganho, com espaçamento de uns poucos anos, dois livros iguais ou parecidíssimos.

Foi também o caso das biografias de Leila Diniz: uma me foi dada por um amigo em meados da década de 90, 'Toda mulher é Meio Leila Diniz', da antropóloga Mirian Goldenberg.

O segundo, muito divertido, um excelente trabalho jornalístico de Joaquim Ferreira dos Santos, chama-se apenas 'Leila Diniz'. Recebi-o de presente neste março - sou marciana, e li-o durante a viagem para SP e Curitiba, nesta última semana. Transcreverei duas ou três passagens apenas para motivar a leitura, pois vale a pena. Uma bela mulher, e muito bem contada...

“(...)Toda a tela tremia. Tomada do alto, a imagem de uma cidade rodava desfocada. (...).
É uma das histórias mais incríveis da televisão brasileira. E olha que ela já estava na adolescência, aos dezessete anos de idade.
O departamento de novelas da Globo (...) tinha dado ao estreante Emiliano Queiroz a tarefa de adaptar o melodrama francês A toutinegra do moinho, do século XIX. Ainda não havia novelas sobre o cotidiano das cidades brasileiras. Reis e rainhas dominavam. Essa história, por exemplo, passava-se após o fim do tsarismo. Emiliano, que trabalhava na Globo como ator, possuía pouca experiência em texto. Pior: era um bom homem, coitado. Dava papéis a todos os amigos que o procuravam. Na mesma proporção que o Ibope desabava, o departamento pessoal subia pelas paredes com novas contratações. Não se entendia a razão daqueles zumbis todos em cena, dando cabeçadas e confundindo a ação. Nada fazia sentido a não ser a passagem de cada um deles para pegar o cachê. Leila Diniz interpretava a própria Anastácia, a tal mulher sem destino. O ‘sem destino’, percebeu-se logo, referia-se à história. Foi aí que Glória Magadan resolveu demitir o gente boa Emiliano Queiroz e contratar Janete Clair, da rádio Nacional, para descascar o abacaxi e botar ordem na casa. Não tinha jeito, concluiu Janete, urgia começar a novela de novo - e mandou balançar a câmera, simulando um terremoto. (...) Janete simplesmente matou todo mundo.” p. 84

Leia mais... no próprio livro. Ed. Companhia das Letras.
A foto foi clicada por Johnny, nas coxilhas uruguaias.

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